Escritórios aproveitam boa fase de mineração


Escritórios aproveitam boa fase de mineração


A intensa movimentação das áreas societárias dos escritórios de advocacia provocada pelo crescimento das operações de aquisição de empresas brasileiras atinge todos os setores da economia – indústria, comércio, serviços e setores regulados. Mas dois deles são apontados pelas principais bancas do país como os maiores alvos destes novos investimentos: o de mineração e o de açúcar e álcool. Os negócios envolvendo estas duas commodities, que praticamente dobraram do ano passado para cá, estão espalhados por escritórios de todos os portes que atuam na área empresarial.

No setor de mineração, o minério de ferro é o responsável pela maior parte das operações e consultas realizadas às bancas. “Com a melhoria do preço o setor começou a crescer interna e externamente”, afirma Leonardo Grebler, sócio do escritório Grebler Advogados. “As consultas de estrangeiros interessados em comprar ativos no Brasil cresceram significativamente desde meados do ano passado”, afirma. Segundo ele, desde janeiro deste ano o escritório passou a assessorar quatro projetos ainda em andamento e um quinto cujo contato ainda é preliminar, mas já concluiu a aquisição feita por uma empresa estrangeira com investimento inicial de US$ 100 milhões. “O aumento dos investimentos é uma questão de conjuntura favorável: confiança na estabilidade econômica do país, perspectiva de continuidade de preço bom e oportunidade”, diz.

“Estamos na crista da onda do ciclo do minério”, afirma o advogado Affonso Aurino Barros da Cunha, sócio do escritório Tozzini, Freire Advogados, que também aproveita o bom momento do setor de mineração. Segundo ele, o número de consultas de clientes à área triplicou a partir de 2006 e neste ano o escritório já concretizou quatro projetos. O escritório Azevedo Sette Advogados, que no ano passado recebia em média cinco consultas por mês de investidores estrangeiros, neste ano praticamente dobrou este número e, segundo o sócio Fernando Azevedo Sette, a maioria delas refere-se à área mineral.

As consultas realizadas no ano passado estão transformando-se em negócios neste ano: a banca já fechou três negócios, que totalizam cerca de R$ 400 milhões, para a compra de jazidas, de produção e mesmo de uma mineradora. “Há uma procura mundial por minério de ferro, e as empresas têm feito todo tipo de negócio, até mesmo parcerias para assegurar o acesso ao minério”, afirma Sette. No momento, o escritório acompanha outros quatro projetos que, somados aos já fechados alcançam pelo R$ 2 bilhões.

Na avaliação do advogado, o principal motivo do interesse pelo minério é a demanda da China pela commoditie. O advogado Plínio Barbosa, sócio do Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados, que atua em quatro negócios, também aponta a China como uma das responsáveis pela procura do minério, mas cita outros fatores – como a manutenção do preço da commoditie em alta, voltando a atrair investimentos parados. Segundo ele, um exemplo seriam minas que passaram a ser economicamente interessantes em razão do valor do minério – antes precisariam ter uma produção muito alta para serem viáveis.

O advogado Robinson Barreto, coordenador da área societária do Veirano Advogados, lembra ainda que a qualidade do minério brasileiro é um atrativo, que alia-se aos projetos de infra-estrutura em andamento que vão facilitar o escoamento da produção. “A mineração é muito procurada porque está muito associada a outros projetos de infra-estrutura”, diz. O escritório acompanha hoje 15 projetos na área – que incluem petróleo e gás – no eixo Rio-São Paulo e que somam R$ 10 bilhões.

(Notícia publicada no Valor Econômico, 23 de julho de 2007)