Mineradoras revêem estratégias


Mineradoras revêem estratégias


Pequenos empreendimentos agora estão preferindo investir no aumento da produção

A expansão da demanda por minério de ferro e a conseqüente disparada do preço da commodity travaram uma verdadeira “corrida ao tesouro” em Minas Gerais. Em um primeiro momento, grandes grupos queriam engolir as pequenas mineradoras. Agora, muitas delas estão preferindo investir no aumento da produção para tirar proveito da boa fase do mercado a vender os seus ativos.

É o caso da J. Mendes, a maior das pouco mais de dez empresas localizadas na Serra Azul, na parte Oeste do Quadrilátero Ferrífero. A mineradora, que possui mais da metade das reservas da região (1,1 bilhão de toneladas de minério de ferro), já esteve para fechar negócios com a anglo-australiana BHP Billiton, a segunda maior mineradora da mundo. No entanto, o plano agora é dobrar a atual capacidade de produção, de 6 milhões de toneladas ao ano. O valor do investimento não foi revelado.

A Azevedo Sette Advogados, que representa a empresa familiar de 40 anos de mercado, informou que atualmente não existem mais negociações e que a mineradora pretende não só ampliar o fornecimento para o mercado interno, como exportar também.

Novo foco – A J. Mendes, segundo o departamento jurídico, vai intensificar a movimentação do terminal próprio que possui em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), do transporte por meio da MRS Logística, pertencente a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), e do porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro.

A Minérios Itaúna Ltda (Minerita) e a Materiais Básicos Ltda (MBL), empresas de uma mesma família, também esteve com venda praticamente fechada. Desistiu do negócio e também está investindo para reforçar a produção, apesar de não revelar os números.

“Temos um projeto de sinterização e outro de pelotização. Temos reservas minerais, florestais e logística. Ou seja, temos tudo para crescer”, disse o diretor da empresa, Marco Antônio Antunes.

A Minerita produz hoje cerca de 2 milhões de toneladas ao ano. A empresa também possui um terminal próprio em Brumadinho, na RMBH, atendido pela MRS Logística. A capacidade dele é para movimentação de 500 mil toneladas/mês.

Conforme Antunes, o montante será triplicado rapidamente. O único problema é o esgotamento dos portos brasileiros, inclusive o de Sepetiba. “O governo de Minas precisa apoiar o setor para que possamos consolidar o crescimento da principal atividade econômica do Estado”, ponderou.

Escoamento – Há duas soluções para o escoamento da produção mineira pelo porto de Sepetiba, localizado no município de Itaguaí, no litoral Sul fluminense. A primeira é arrematar o “Terminal de Granéis Sólidos”, que passa por processo licitatório por meio da Companhia Docas do Rio Janeiro (CDRJ).

O porto, orçado em cerca de R$ 330 milhões, seria o terceiro da bacia. Os outros dois são da Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A capacidade de movimentação de cargas pode atingir 24 milhões de toneladas nos anos seguintes.

A segunda alternativa é garantir para o Estado o porto pertencente hoje a massa falida da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, que produzia zinco em Vazante, no Noroeste de Minas, e exportava por Sepetiba. O governo dos estados de Minas e do Rio de Janeiro assinaram um protocolo de intenções para recuperar a área de cerca de 1 milhão de metros quadrados.

O objetivo do Rio é recuperar o passivo ambiental e o de Minas é conquistar uma “janela” no litoral. Contudo, nada garante que alguma empresa mineira, seja sozinha ou através de consórcio, vai vencer o leilão e assumir o terminal.

Paola Carvalho

Notícia publicada no Jornal do Comércio/MG, 08 de outubro de 2007