PPPs, crescimento econômico e lucros recordes põem empresas do País na mira dos investidores


PPPs, crescimento econômico e lucros recordes põem empresas do País na mira dos investidores


De bancos de investimentos a empresas de auditoria, os segmentos do mercado que participam de processos de fusões e aquisições esperam para os próximos meses a abertura de uma excepcional temporada de negócios. O ano passado, marcado pela recuperação da confiança na economia, reanimou o processo de compra e venda de empresas no País após três anos de queda. O empurrão que faltava para a entrada em cena de mais dinheiro novo vem agora, com o início das PPPs, as aguardadas Parcerias Público-Privadas.

“Em alguns setores, elas devem recolocar as fusões e aquisições no nível de 1997 e 1998, época das grandes privatizações”, prevê Márcio Lutterbach, sócio da KPMG. A partir de junho, quando o governo tirar do forno os primeiros editais de licitação das PPPs, os investimentos devem vir divididos em ondas. Obras como a da Ferrovia Norte-Sul, escolhida para inaugurar as parcerias, atrairão primeiro as construtoras e, a partir daí, fornecedores e prestadores de serviços, como se viu à época da venda da Telebrás. “Normalmente, estas empresas não começam do zero no País. Preferem comprar companhias locais ou associar-se a elas”, observa Lutterbach. As tais ondas de investimento são esperadas na construção de estradas, prisões, estruturas de saneamento, prédios públicos, hospitais e no setor de energia.

Nova percepção. Outros fatores por trás do esperado boom das fusões são o crescimento econômico e a queda do Risco Brasil. “A percepção dos estrangeiros em relação ao País mudou”, constata Raul Beer, sócio da PricewaterhouseCoopers. “Há dois anos, eles não olhavam para empresas brasileiras nem que fossem excelentes negócios.” Desde meados do ano passado, os negócios ganham fôlego. Pelas contas da Price, foram 385 transações em 2004 – crescimento de 15% sobre 2003. Para este ano, Beer espera aumento de mais 20%. Só o escritório de advocacio Azevedo Sette, especializado neste tipo de operação, participa hoje de sete projetos, que somam R$ 500 milhões. Entre os setores na mira dos investidores, destacam-se os exportadores de commodities, em especial a siderurgia. Grandes grupos desta área estão apresentando resultados melhores que o dos bancos – como a Gerdau, que bateu o Bradesco há duas semanas na batalha dos lucros de R$ 3 bilhões – e atraem a atenção do capital estrangeiro. Também são esperadas transações entre os fabricantes de bens de consumo e o desembarque de multinacionais em busca de boas oportunidades. O caso da Dixie Toga é típico. Boa empresa, bem situada no ramo de embalagens, a companhia de Sérgio Haberfeld era um boa porta de entrada para um mercado em expansão. Resultado: foi arrematada no mês passado pela americana Bemis, por US$ 250 milhões. Mesmo em setores que passaram por consolidação nos últimos anos, há oportunidades de negócios. “Não excluo novas operações de vulto no varejo”, sugere o ex-presidente do Cade, Gesner Oliveira, consultor da Tendências.

Matéria publicada no dia 16/02/05 – na Isto É Dinheiro.