Santander quer captar R$ 13 bi na Bolsa


Santander quer captar R$ 13 bi na Bolsa


Os detalhes da megaoferta de ações do Banco Santander na BM&FBovespa, divulgados ontem, mostram que o mercado de capitais brasileiro, a exemplo da economia, está se recuperando antes do que se esperava. Indicam, também, que o segundo semestre pode marcar a volta de operações bilionárias, que, com a crise, haviam rareado no País.

O Santander informou que pretende captar no Brasil entre R$ 11,6 bilhões e R$ 13,2 bilhões. Se os investidores referendarem a estimativa, será a maior oferta pública de ações da história do mercado nacional.

Hoje, a recordista é a Visanet, que, em junho, levantou R$ 8,4 bilhões em uma oferta inicial (IPO, em inglês). No caso do Santander, não se trata de IPO porque a instituição já tem papéis na BM&FBovespa, mas sem liquidez.

A operação também pode se converter na maior do mundo no ano. Por ora, a liderança é do China State Construction Corp., com US$ 7,34 bilhões. O Santander pode atingir US$ 7,3 bilhões.

“O Brasil voltou a ser a bola da vez”, disse o advogado Ordélio Sette. “Neste ano, a economia brasileira tem desempenho superior à maior parte do mundo e as perspectivas para 2010 são positivas”, afirmou o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Alberto Kiraly.

“Há muita confiança no País. Percebemos isso pelos juros que empresas brasileiras pagam para se financiar lá fora”, disse o diretor do Citigroup Alexander Severino.

Estatísticas da Anbid revelam que, entre janeiro e agosto, foi realizado no País só um IPO, o da Visanet. Houve, também, outras sete operações como a do Santander, emissões de empresas que já tem o capital aberto na Bolsa. Juntando tudo, foram R$ 20,5 bilhões. Ainda é bem menos do que no mesmo período de 2008, quando as 14 operações (sendo 4 IPOs) somavam R$ 34,4 bilhões.

No entanto, o Estado apurou que a movimentação nos bancos de investimento é intensa. Além de dois IPOs já anunciados (Cetip e Tivit) e de seis emissões em curso – num total de R$ 22 bilhões -, o mercado estima que haverá, até o fim do ano, ao menos mais 10 operações.

Três empresas do setor de construção civil, dois bancos de pequeno porte e duas companhias que atuam em tecnologia de informação estão preparando documentação para abrir o capital.

Ontem, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, indicou que a empresa recolocou na pauta o IPO da mina Casa de Pedra, processo parado desde 2007. Segundo ele, a operação poderia levantar mais de US$ 2 bilhões (R$ 3,7 bilhões). Também ontem, a incorporadora Cyrela anunciou que pretende fazer oferta primária de ações.

O professor do Insper Ricardo Almeida observa que a maioria das empresas que se preparam para emitir ações atua em segmentos voltados ao mercado interno.

Matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, caderno Economia